Artista
Escrevo em linhas tortas
Escrevo em linhas tortas, onde me perco e perco totalmente o sentido, se é que um dia teve.
O caderno me consome e com suas linhas me puxa para ele, ele que sussurra o que devo reviver, o que devo escrever. A caneta que por sua vez usa do meu sangue, a tinta vermelha que a predomina; morte ou vida?
E em mais um dia comum, como de costume, se senta para ouvir o caderno. E segurando a caneta na mão, arranco de minhas veias o sangue para alimentar a caneta e... Foi em vão!? Não... Não!
O sangue escorria. Não era o suficiente?!
O caderno estava calado. Por que?! Faça como nos outros dias, vamos! Use do meu sangue, me sussurre sua melodia; me diga. Eu juro que irei te escutar, anotar, ficarei calada, apenas me fala; só me fala o que fazer. Por que!? Por que agora? Por favor... Não gosta de rotina? Tudo bem, hoje eu posso sorrir. Apenas não me deixa aqui, por favor; preciso disso. Ninguém mais vai me ouvir, não me deixa aqui...
A caneta que se recusava, o caderno que se calava, e o sangue que jorrava... A mesa já estava inundada, as linhas daquele caderno torto a segurou e a puxou.
Pelo seu ar lutou, mas o tempo se esgotou, se afogou.
Mas nada de surreal, mesmo sem ser tão anêmica, no final, iria preferir morrer drogada; afogada ou mutilada, a viver naquela ignorância.
Espero que seu vício valha a pena.
Autor: @mmarginal.alado
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