Viva!!
Viva, todos as culturas marginalizadas
Viva, todos os costumes reprimidos,
Pois eu saúdo a saúde que não se pode ter,
Pois eu indico os livros que não se pode ler,
Pois eu devoro a boca que não se pode beijar,
E engravido os corações que sonham em fecundar.
Somente quero que vivas, ó pátria,
Pátria que exala o aroma do abandono,
Pátria que grita por paz, pão,
E leito para gastar seu sono.
Sobretudo, viva,
Mas não viva como quem morre,
Nem mate como quem sobrevive,
Viva como as pedras de dominó,
Alimentando o riso de quem resiste,
E assiste,
Sempre ao mesmo filme,
Elenco patético,
E roteiro triste,
Que reprisar em todos os próximos anos,
Jurando que nossa vida não existe.
Afinal,
Nada nunca poderia existir,
Pois o nada é bem diferente do que vemos aqui,
Por isso,
Grito,
Agito,
Vômito,
Esperneio,
Mas não minto,
Que quero que vivas,
Cabeleiras crespas sobre cabeleiras lisas,
A pele preta sobre a pele branca,
Vibra,
No lençol como a olá de nossa torcida,
Sob o sol e o suor que escorre pelas fibras.
Se é assim,
Amores proibidos curam nossas feridas,
Essa é a vida,
Meretriz bela e sofrida,
Nunca vista em condomínios,
Sempre escondida em palafitas.
A ela, meu fôlego fraco,
Mas poesia,
E a todos os poetas brasileiros,
Viva!!
Autor: @_c_h_4_skp
Ábum: @poesia_paradoxal
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